Fiquei preocupada quando descobri que A Mulher Desiludida, da autora francesa Simone De Beauvoir, é considerada uma das maiores obras feministas do século XX. Logo eu, que não faço a mínima ideia do que é o feminismo, quais os seus ideais e coisas do tipo.
Minha ignorância fez enxergar o livro de outra forma, não tão filosófica, ideológica e política, como a maioria das resenhas que encontrei na internet. Sinto como se tivesse lido uma obra que relata as neuras das mulheres sobre relacionamento, família e trabalho. Por sinal, muitas vezes me identificava com a personagem.
Os três contos que compõem A Mulher Desiludida relatam os conflitos (interiores e exteriores) vivenciados pelas mulheres durante todas as fases da vida. O primeiro conto, “A Idade da Discrição”, traz uma curiosa reflexão sobre a velhice e o conflito de gerações; será mesmo que nossa personalidade é moldada através da idade? Já o segundo conto, intitulado “Monólogo”, teve a minha atenção especial: a falta de pontuação nos faz refletir a importância da interpretação. O terceiro conto, que leva o nome do livro, mostra a dificuldade de uma mulher lidar com o fim de um relacionamento que durou mais de duas décadas.
Acho difícil uma mulher moderna não se identificar com o livro. Outro fator que chama bastante a atenção é o fato de Beauvoir possuir um linguajar forte e objetivo. Sentimentos como raiva, tristeza e indecisão, tão comuns no cotidiano de mulheres (digo isso por mim), são retratados de forma adulta e até cômica. E mesmo não entendendo nada sobre o feminismo, enxerguei a minha personalidade na autora (ou no seu “eu lírico”).
Enfim, é um livro que depende do seu estado emocional. O meu, diga-se de passagem, foi para os ares…